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sábado, 6 de março de 2010

What if

O truque do what if é muito usado na narrativa americana ou pelo menos na narrativa pop. A tradução da expressão — e se... — já explica bem de que se trata: uma hipótese a ser explorada e que de fato não aconteceu nem acontecerá. A primeira vez que vi um what if foi nas revista das Marvel. Com regularidade, alguns números trazem eventos alternativos àqueles que aconteceram na linha temporal normal e exploram outras possibilidades das personagens. Nesses histórias hipotéticas, os autores tem liberdade de explorar todo o potencial das personagens, inclusive matando-as. Um dos What if mais marcantes da Marvel foi aquele em que se investigou o que aconteceria se a Fênix, Jean Gray, não tivesse morrido na lua. A consequência foi ela se transformar numa louca superpoderosa e assassina milhões de pessoas e, depois, morrer.

Em narrativas seriadas, o what if tem o mérito de dar uma folga criativa aos autores. A Lógica é simples, nessas narrativas é preciso contar eventos e eventos na vida das personagens sem fazê-las mudar tanto ou sem esgotar seu potencial. Há muito de fazer e desfazer sem cair em transformações definitivas. Assim, para os autores o truque é um refresco. Ganha-se um episódio de liberdade criativa e não se avança nada na história.

Há pouco tempo, a série Desperate Housewives, que passa no Canal Sony às quartas, apresentou um excelente What if O episódio vem logo após um grande desastre da história: um avião cai na rua em que as donas de casa moram. Há todo um suspense para saber quem morreu ou não. O episódio explora esse suspense ao extremo. Cada uma das protagonistas, enquanto espera a notícia sobre seu ente querido (amante, marido, filha, bebê ainda por nascer), imagina o que seria seu futuro se tivesse tomado outras decisões no passado. O recurso explora outras nuances das personagens sem avançar na história e cria um suspense fabuloso.

No Brasil não lembro de nenhuma série que usou esse recurso. Lembro apenas do filme d’A grande família, que é um grande what if Nesse caso, mal usado porque faz do filme apenas um episódio maior e não uma história que avance ou que nos mostre mais das personagens.

Desperate Housewives

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